Conheça a luta pelo direito à informação e à comunicação

O Dia Nacional das Pessoas Surdas é comemorado em 26 de setembro, e traz à tona o debate dos direitos e da inclusão dessas pessoas dentro da sociedade. Existem relatos que, na antiguidade, muitos povos tratavam as pessoas surdas como inválidas e as condenavam à morte. Essa herança histórica permeou o preconceito ao longo dos anos, construindo ambientes pouco inclusivos.

No Brasil, são 10,7 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva, e que ainda estão na luta pela acessibilidade. A tendência é que o número cresça, já que apenas 9% nascem com essa condição. A surdez tende a ser adquirida ao longo da vida, na faixa dos 50 anos. Em uma população em estágio de envelhecimento, como a brasileira, é fundamental que ações de inclusão e acessibilidade sejam tomadas, para acolher essa parcela cada vez maior de pessoas.

Os desafios para as pessoas surdas começam na infância, com a falta de escolas preparadas para recebê-los. São poucos os que chegam ao nível superior, felizmente, com a nova Lei Brasileira de Inclusão (LBI), as faculdades precisam ser inclusivas nos ambientes físicos, na comunicação, nos materiais e na didática dos professores. Somente assim elas poderão cadastrar ou recadastrar os seus cursos no MEC (Ministério da Educação).

As barreiras que existem na educação acabam dificultando a entrada no mercado de trabalho, apenas 37% das pessoas surdas estão empregadas. Muitas, donas do seu próprio negócio, por não serem aceitas dentro das empresas. Com a Lei das Cotas, que define um percentual de contratações de PcDs (pessoas com deficiência), as pessoas surdas ficam em segundo plano, já que as companhias não estão prontas para garantir uma comunicação inclusiva.

Quando falamos de comunicação inclusiva, o destaque é a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Em 2002, ela foi considerada a 2ª língua oficial do Brasil, uma grande conquista. Porém, são poucos os ambientes que contam com intérpretes e materiais em LIBRAS, dificultando que as pessoas surdas tenham acesso à informação.

É por isso que o Dia Internacional das Línguas de Sinais, comemorado em 23 de setembro, é tão importante para essa comunidade. A data reforça a relevância dessas linguagens, que através da combinação de configurações de mão, movimentos, pontos de articulação e expressões faciais e corporais, transmitem as mensagens e os sentimentos.

Trazer a inclusão para as empresas, escolas e todos os outros ambientes que frequentamos, é fundamental. No ambiente corporativo, uma das iniciativas tem sido a criação de comitês, que trazem a discussão do tema e propõem ações para mudar o cenário homogêneo de colaboradores. A Gi se compromete com a diversidade e com a inclusão, e criou em 2020 o Comitê Diversidade, com o tema PcDs como um dos pilares. Marciano Franco, líder do pilar PCD+, conta um pouco o propósito da iniciativa: “Hoje, na Gi Group, temos o Comitê de Diversidade, dividido em quatro subcomitês (os pilares), cada um focado em um tema: ELAS, PCD+, MIXES e JUNTOS. Os comitês surgiram de uma série de ações que a empresa vem realizando nos últimos anos, para expandir a inclusão, o respeito e a diversidade. Porém, quero dar ênfase ao Pilar PCD+, no qual faço parte.

Estar à frente de um Pilar PCD+, é ter a conscientização que a inclusão não é:

  • Incluir para cumprir cota;
  • Criar oportunidade exclusivas para PcDs;
  • Não ter plano de desenvolvimento, promoção e retenção de talentos;
  • Não ter um ambiente inclusivo por falta de credibilidade e acessibilidade;
  • Uma cultura não inclusiva;

Dentro do nosso pilar, buscamos aprimorar as habilidades sociais e interpessoais de inclusão dentro da empresa, para que todos possam compreender que são pessoas com deficiência, derrubando este paradigma implantado no meio corporativo. Temos também o intuito de sensibilizar e conscientizar que a inclusão vai muito além de contratar um PCD+”.

A criação de comitês é apenas um dos tipos de iniciativas que têm sido tomadas no ambiente corporativo. O dia 26 de setembro reforça que a luta das pessoas surdas ainda não acabou e que estamos todos juntos nessa, para garantirmos um mercado de trabalho, e um Brasil, cada vez mais diverso e inclusivo.

 

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