Do cuidado dos especialistas de RH com os colaboradores aos novos empregos criados pela proteção ambiental. A sustentabilidade está moldando o mercado de trabalho e se fortalecerá após a pandemia.

São Paulo, 23 de novembro de 2020 – Nos últimos anos, a importância da sustentabilidade se destacou a ponto de se tornar um aspecto fundamental de muitos setores. Mas o que significa sustentabilidade? Em termos práticos, significa proteger o meio ambiente, reduzir as emissões de CO2, reciclar e tentar frear a velocidade das mudanças climáticas.

Mas isso não é tudo. Uma quantidade cada vez maior de empresas começou a promover sustentabilidade em seus negócios, introduzindo as chamadas políticas de ESG, sigla em inglês para meio ambiente, social e governança. O ESG assumiu um papel central nas finanças, mas hoje registramos um aumento de atenção no RH e no mercado de trabalho também. Ao focar nos recursos humanos e, de forma mais geral, no mercado de trabalho e no ambiente de trabalho, a sustentabilidade, nesse contexto, significa promover o bem-estar e o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho dos colaboradores, investir no desenvolvimento de competências, melhorar a empregabilidade, implementar inovação e transformação digital incentivando o engajamento dos colaboradores, combatendo o trabalho ilegal e reduzindo a incompatibilidade de habilidades.

Embora possamos dizer que os três elementos do ESG sejam importantes, somente proteger o meio ambiente já causaria impacto no emprego dos principais mercados do mundo, criando novos cargos. Essa maior atenção ao meio ambiente deu origem aos “trabalhos verdes”.

De fato, a taxa de emprego para esse tipo de profissional está constantemente crescendo em escala global. Em nossa análise, a Alemanha responde por 2,8 milhões de trabalhadores verdes a uma taxa CAGR (Compound Annual Growth Rate, em português Taxa Composta Anual de Crescimento) de 1,59%, enquanto a Itália responde por 3,1 milhões, com uma taxa CAGR crescente de 3,4%. É óbvio que existem diferenças significativas e observamos isso nos países onde operamos. Os dados sugerem, particularmente, que os países responsáveis por uma menor quantidade de trabalhadores verdes podem, no entanto, verificar uma taxa de crescimento bastante alta desses trabalhos. Esse é o caso do Reino Unido, com 185.000 trabalhadores verdes, mas com uma taxa de crescimento de 11,64%, e a Espanha, com 531.000 empregos e uma taxa de crescimento de 5,85%. Outro país que iniciou um ciclo positivo foi o Brasil. Acreditamos que a maior economia da América Latina, em que a taxa de crescimento de colaboradores sustentáveis, é de cerca de 6,4%[1], está no início de uma nova rota de produção que tornará a economia cada vez mais ecológica.

Como mencionamos acima, já registramos um aumento na demanda de contratação para empregos verdes nos mercados em que operamos, mas não podemos adotar uma abordagem global: na verdade, as diferenças locais terão grande influência.

  • Mecatrônica e mecânica industrial. Os profissionais dessas duas áreas são particularmente requeridos nesses mercados e países onde os esforços para obter tecidos industriais mais ecológicos são particularmente significativos. Por exemplo, a Alemanha, especialmente para seu setor automotivo de ponta, e a Itália, que ostenta excelência de classe mundial no setor de fabricação.
  • Nova geração de instaladores, como instaladores de novas peças para ar condicionado ou novas redes para armazenamento de energia limpa que reduzam as emissões de CO2. Esses trabalhadores são particularmente difundidos e sua demanda de contratação está crescendo em quase todos os lugares, especialmente em áreas urbanas como Paris, Madri e Barcelona.
  • Trabalhadores manuais especializados, como eletricistas e pedreiros, com um profundo conhecimento de novos materiais e tecnologias sustentáveis. Eles são especialmente procurados em países onde o setor imobiliário sempre desempenhou um papel fundamental, como Itália (12,5% do PIB, contra 10% do PIB médio da UE, segundo dados da OCDE), mas também em países como Brasil, China, Polônia e vários outros mercados emergentes, que em seu processo de recuperação estão se familiarizando cada vez mais com prédios de luxo que hoje atendem não só a padrões de requinte, mas também ambientais.
  • Outro exemplo é a TI: nossas vidas ficarão cada vez mais dependentes da infraestrutura tecnológica, especialmente após a atual pandemia. Dessa forma, esperamos um aumento da necessidade de técnicos, como especialistas nos principais sistemas operacionais, técnicos de hardware, especialistas em produtos, ou outras funções de suporte como técnicos em reparos de fiações. A demanda por contratação desse tipo de profissional já está crescendo em muitas partes do mundo onde a maioria dos trabalhadores precisam estar online para fazer seu trabalho.

Além disso, a crise econômica e social apresentada pela Covid-19 forçou toda a população mundial a mudar rapidamente seus costumes e hábitos acelerando tendências como trabalho remoto. Muitos especialistas acreditam fortemente que essas mudanças nos hábitos que adotamos (por necessidade também) farão parte da nossa vida diária, o que trará consequências também para trabalhos sustentáveis. Os dados mostram um forte incremento do eCommerce, cuja taxa de crescimento para 2020 saltou de 4,4% para 18,4%; isso significa um aumento na demanda de mercado para soluções de transporte que se adequem aos novos padrões ambientais e, consequentemente, um incremento da demanda por novas habilidades ecológicas.

A visão geral que demonstramos acima é verdadeiramente positiva, representando cada vez mais oportunidades para trabalhadores e candidatos em vários países. Porém, fazer parte dessa categoria de trabalhadores não é fácil para quem não está acostumado com novas tecnologias sustentáveis. Nós do Gi Group, uma consultoria de RH global, temos que dar nossa contribuição para diminuir essa lacuna através da redução de gaps de habilidades, do desenvolvimento da qualificação de nossos candidatos e colaboradores, entendendo as necessidades dos mercados e das empresas. Isso se torna cada vez mais importante na situação sem precedentes que estamos enfrentando. E isso significa fazer da sustentabilidade nossa principal prioridade” – conclui Carlos Martins, CEO – Gi Group Brasil.


[1] A análise foi realizada com base nos dados proprietários oriundos das atividades do Gi Group em um nível global e com base nos dados oriundos do LinkedIn Talent Insight.

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